"Isolado em Ilha..."
Este foi o título da coluna do professor Pasquale Cipro Neto, em 13-03-2008 no caderno Cotidiano da Folha de São Paulo. Sim, faz mais de um ano!
Algumas das colunas do professor vieram parar na minha mão dia desses, e tive vontade de retomar esse meu blog, atualizando-o com alguns comentários sobre os comentários dele.
Num título publicado na Folha daquela semana, lia-se Home Sapiens isolado em ilha diminuem de tamanho, ao que os leitores o questionaram se ali não havia um pleonasmo. Realmente, ele lembra em seu artigo que ilha e isolado provém do mesmo termo latino insula. E comenta que, se formos analisar a nossa língua descobriríamos que muitos termos e expressões vêm de pleonasmos que usamos sem nem termos consciência.
Exemplifica outro "pleonasmo" com a expressão abismo sem fundo. Abismo, palavra de origem grega, significa literalmente sem fundo. Isso nos mostra que temos usado muitos pleonasmos que não o são mais.
Cita ele, ainda, que o pronome "comigo" (do português arcaico) é a junção da preposição com + migo que vem do latim mecum que, por sua vez vem de me + cum, e este último, também por sua vez equivele a com. Ufa! Quem diria?! Voltamos à preposição!
E nós, todos preocupados com os pleonasmos, nem imaginamos que estamos usando muitos deles mas que, "o uso e o tempo" acabaram por modificar sua semântica. Nada mais natural, a língua é viva e está em constante mutação.
Esses comentários todos me fizeram lembrar que, quando eu ensino aos meus alunos que a função do adjunto adnominal é determinar ou caracterizar o substantivo (nome), acabo por dar a dica de que ad vem do latim, e que significa junto, portanto, para que guardem bem, é o termo que vem junto do nome. E haja junto junto desse nome: adjunto adnominal (ad + junto + ad + nominal). Nossa!
E não é que eu posso aproveitar a aula e já relembrar o que é um pleonasmo? Claro!
Por fim, fico aqui a imaginar que algumas coisas que ouço esses jovens dizerem como: "Eu to saindo fora, cara!", podem daqui a muitos e muitos anos estar sendo usados como algo correto e normal. Talvez nem muitos anos assim... Curioso, não é mesmo?! Pois é...
E para mim, isso é que faz a nossa língua ser assim: interessante... e bela!
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Aqui deixo o contato...
Folha de São Paulo, Caderno Cotidiano, Professor Pasquale Cipro Neto, inculta@uol.com.br
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