
II - O Meu Olhar
O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...
Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...
O Mundo não se fez para pensarmos nele
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...
Eu não tenho filosofia; tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar
Alberto Caeiro / Fernando Pessoa,
"O Guardador de Rebanhos"
E a única inocência não pensar
Alberto Caeiro / Fernando Pessoa,
"O Guardador de Rebanhos"
Nossa, que lindo!Fui até catar alguns poemas de "O Guarador de Rebanhos" pra mim!
ResponderExcluirBjoks
Ai, é lindo mesmo, Debby! Adoro Caeiro! ;)
ResponderExcluirBjs**
Vim retribuir a gentil visita e, à maneira geminiana, também bisbilhotei o seu espaço. E caio justamente em Pessoa, que sempre me vai à cabeceira com seu Desassossego, o livro dele que prenuncia o blogue moderno. Ontem mesmo li um "post" dele em que dizia que uma aurora no campo lhe faz bem; e a aurora na cidade bem e mal, e por isso mais que bem.
ResponderExcluir"Uma faz viver; a outra faz pensar. E eu hei-de sempre sentir, como os grandes malditos, que mais vale pensar que viver."
Robson, lindo isso! Fantástico!
ResponderExcluirAdorei a visita!
Volte sempre que quiser.
Beijo! :)
Alberto Caeiro um dos melhores heterônimos de Fernando Pessoa, poema lindo, as palavras são suaves, leves, existe uma apologia a natureza, ao amor. Umas das frases que eu mais gosto é está “Eu não tenho filosofia; tenho sentidos...”Seu blog tem belos poemas.
ResponderExcluirUm beijo
Eu adoro Caeiro também, Analu, é o grande mestre de Pessoa.
ResponderExcluirObrigada pelas palavras, volte sempre!
Beijos! ;*
Rita ,cá estou,e olha esse poema sou eu.................vc bem sabe.
ResponderExcluirLindo demais,melhor que isso é quando nos sentimos assim,livre de pensamentos ,mas cheio de "sentir".AMEI.
bJKS
Rosa Silvana
Ah! É lindo mesmo, Sil, eu também gosto demais, tanto que vivia colocando esse poema nos meus perfis.
ResponderExcluirBjks!